terça-feira, 10 de novembro de 2009

ARTE AFRICANA

INTRODUÇÃO À ARTE AFRICANA

Existem muitos preconceitos com relação à arte africana e à África em geral. A denominação genérica de africano engloba maior quantidade de raças e culturas do que a de europeu, já que no continente africano convivem dez mil línguas, distribuídas entre quatro famílias, que são as principais. Daí ser particularmente difícil encontrar os traços artísticos comuns, embora, a exemplo da Europa, se possa falar de um certo aspecto identificador que os diferencia dos povos de outros continentes.

O fato de os primeiros colonizadores terem subestimado essas culturas e considerado suas obras meras curiosidades exóticas, provocou um saque sem sentido na herança cultural desse continente. Recentemente, no século XX, foi possível, graças à antropologia de campo e aos especialistas em arte africana, organizar as coleções dos museus europeus. Mas o dano já estava feito. Muitos objetos ficaram sem classificação, não se conhecendo assim seu lugar de origem ou simplesmente ignorando-se sua função.

E isso é muito importante para a análise da obra. A arte africana é eminentemente funcional. Mais ainda, não pode ser entendida senão com base no estudo da comunidade que a produziu e de suas crenças religiosas. Basicamente os povos africanos eram animistas, prestavam culto ao espírito de seus antepassados. Outros chegaram a criar verdadeiros panteões de deuses, existindo também os povos monoteístas. Some-se a isso a influência dos primeiros colonizadores portugueses, que cristianizaram várias regiões.

O auge da arte africana na Europa surgiu com as primeiras vanguardas, especificamente os fauvistas e os expressionistas. Estes, além de reconhecer os valores artísticos das peças africanas, tentaram imitá-las, embora sempre sob a ótica de suas próprias interpretações, algo que colaborou em muitos casos, para a distorção do verdadeiro sentido das obras. Entre as peças mais valorizadas atualmente estão, apenas para citar algumas, as esculturas de arte das culturas fon, fang, ioruba e bini, e as de Luba.

ARQUITETURA NA ARTE AFRICANA

A arquitetura africana teve um caráter utilitário, em vez de comunitário, e salvo raras exceções nunca foi empregada, como no resto das civilizações, como representação de poder. Comum a todos os povos foi a utilização de materiais pertencentes à sua região geográfica e o uso intencional e comedido dos materiais em equilíbrio com o meio ambiente. Independentemente de sua hierarquia, todos possuíam o mesmo tipo de casa, não como expressão de igualdade, mas de pertinência ao mesmo grupo.

Os materiais utilizados variavam, então, segundo a região, mas normalmente eram semelhantes: desde o barro até fibras secas tecidas, ou uma combinação de vários. De modo geral, o povoado se protegia com uma muralha de barro, que rodeava e marcava os limites da aldeia. A exceção a esse tipo de arquitetura rudimentar são os povos de Gana e Mali, no sudoeste, que construíram palácios de plantas variadas e o reino de Lalibela, a leste, onde, a partir do século XIII, foram escavados edifícios e templos nas rochas das montanhas.

ESCULTURA NA ARTE AFRICANA

As esculturas, na arte africana, tiveram uma função semelhante à das máscaras. Apesar disso, encontraram-se também amostras de uma arte representativa, como alguns retratos intencionalmente naturalistas de reis e membros das cortes de certas nações, nas quais ocorreu uma organização mais parecida com a das monarquias ocidentais. As sociedades de religião animista realizavam um tipo de escultura cuja função era substituir os membros falecidos da família.

As figuras de culto com fins mágicos, que a exemplo dos relicários abrigavam uma diversidade de objetos, eram uma espécie de Assemblages especialmente realizadas por bruxos, seguindo uma fórmula específica. Os povos politeístas, como os yorubas e os binis, modelaram peças de grande valor, em marfim, ouro e bronze, de um desenho singular, muitas delas encomendadas pelas cortes européias. Quanto à técnica, os africanos utilizaram o processo da cera perdida um século antes dos europeus.

As obras de arte mais comuns obtidas por esse processo eram bustos e cabeças, como as do tesouro do rei de Benim, saqueado no século XIX pelas tropas inglesas. Foi dessa forma que chegou até a Europa grande parte das esculturas de marfim, ferro e bronze. As figuras eram de um naturalismo surpreendente, e nelas podiam ser vistos muitos dos costumes rituais desses povos. No entanto, quando não eram figurativas, apresentavam então traços estilísticos muito diferentes, que refletiam a liberdade criativa de seus artistas.

No que se refere à ourivesaria, um dos povos que melhor trabalharam nessa área foram os aschantis , já que o ouro abundava em suas terras. Esse povo produzia peças de um preciosismo e uma delicadeza surpreendentes na técnica da filigrana. A eles seguem-se os nativos da Costa do Marfim. Estes, além de peças religiosas, produziram obras com fins decorativos, entre elas máscaras muito naturalistas de personagens legendários, que eram utilizadas numa cerimônia de caráter muito parecido com uma representação teatral.

MÁSCARAS NA ARTE AFRICANA

As máscaras sempre foram as protagonistas indiscutíveis da arte africana. A crença de que possuíam determinadas virtudes mágicas transformou-as no centro das pesquisas. O fato é que, para os africanos, a máscara representava um disfarce místico com o qual poderiam absorver forças mágicas dos espíritos e assim utilizá-las em benefício da comunidade: na cura de doentes, em rituais fúnebres, cerimônias de iniciação, casamentos e nascimentos. Serviam também para identificar os membros de certas sociedades secretas.

Em geral, o material mais utilizado foi a madeira verde, embora existam também peças singulares de marfim, bronze e terracota. Antes de começar a entalhar, o artesão realizava uma série de rituais no bosque, onde normalmente desenvolvia o trabalho, longe da aldeia e usando ele próprio uma máscara no rosto. A máscara era criada com total liberdade, dispensando esboço e cumprindo sua função. A madeira era modelada com uma faca afiada. As peças iam do mais puro figurativismo até a abstração completa.

Quanto à sua interpretação, a tarefa é difícil, na medida em que não se conhece sua função, ou seja, o ritual para o qual foram concebidas. Os colonizadores nunca valorizaram essas peças, consideradas apenas curiosidade de um povo primitivo e infiel. Paradoxalmente, a maior parte das obras africanas encontra-se em museus do Ocidente, onde recentemente, em meados do século XX, tentou-se classificá-las. Na verdade, os historiadores africanos viram-se obrigados a estudar a arte de seus antepassados nos museus da Europa.





































Bibliografia:
Enciclopedia Multimedia del Arte Universal©AlphaBetum Multimedia

Um comentário:

  1. Adorei este blog. Sou Acadêmica em Artes Visuais e adoro máscaras. Estou trabalhando numa pesquisa sobre máscaras para auxiliar dependentes químicos.

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